
O ambiente hipobárico é caracterizado pela diminuição da pressão atmosférica relativamente ao nivel do mar, o ar torna-se menos denso, pois cada litro de ar contém menos moléculas de gás, contudo as percentagens da concentração de cada gás mantém-se, apenas encontram-se em menor quantidade. Devido a isto a pressão parcial de O2 deminui, o que vai causar um efeito negativo sobre a saturação da hemoglobina, pois em cada incursão respiratória é consumido menos O2, o que vai afectar a difusão pulmonar e o transporte de O2, esta baixa denomina-se de hipoxia.
Conforme a altitude vai aumentando a pressão atmosférica vai diminuir, com o aumento da altitude também existe uma redução de temperatura, um aumento do vento, a velocidade do ar é superior, isto faz com que o ambiente seja mais frio e perda de calor seja maior. Por outro lado existe também uma diminuição da humidade, o que aumenta a capacidade de evaporação, logo é mais fácil de perder água, ou seja é mais fácil de desidratar. Com o aumento da altitude também existe um aumento de radiação, uma diminuição da pressão atmosférica e a da humidade, quem faz a absorção da radiação são as partículas de gás e de vapor de água, se existe uma diminuição destes factores existe uma maior exposição à radiação e um aumento da probabilidade de queimadura.
Se existe menos de PO2, significa que por cada incursão consumimos menos O2, ou seja o consumo máximo de O2 diminui, por isso a ventilação vai ter de aumentar e as minhas necessidades também, o que vai causar um maior trabalho dos músculos respiratórios e por isso a quantidade de O2 disponivel para os músculos é menor, o que vai condicionar as alterações cardiovasculares. A captação máxima de O2 é igual ao produto do débito cardíaco máximo e a diferença arterio-venosa de O2, com a altura pode existir uma diminuição da captação de O2 e da diminuição do débito cardíaco máximo, conforme o PO2 vai descendo, a saturação da hemoglobina de O2 vai decrecendo também, e com isto o transporte de O2 para os músculos vai sendo prejudicado e também o VO2 máx, com altitudes maiores estes efeitos podem-se combinar fazendo que o VO2 máx diminuir mais, por existir menos O2 a ser transportado no sangue o atleta vai ter de diminuir a intensidade do seu exercicio. A função respiratória na altitude vai sofrer alguns efeitos, se existe menos O2 vai ser necessário aumentar a ventilação para assegurar a mesma quantidade de O2 necessária ao exercicio, para além disso para tornar as trocas gasosas mais eficazes a difusão pulmonar e transporte de O2 diminui, mas o organismo tenta combater isto com a hipertensão pumonar, garantindo um maior aporte de sangue aos pulmões permitindo uma maior troca de O2 e CO2, como existe um menor transporte de O2, vai existir menos O2 no sangue e disponivel para trocas com os músculos. Devido a estes factores è essencial uma adaptação a este tipo de ambiente, que pode tornar-se adverso para o exercicio e que tem grandes riscos para a saúde, uma das adaptações que o organismo produz à altitude é o aumento da produção dos eritrócitos, esta adaptação sanguínes promove o aumento dos glóbulos vermelhos e consequente aumento do volume do sangue para que possa existir maior quantidade de hemoglobina, o que permite que o transporte de O2 no sangue aumente. Esta adaptação pode ter efeitos no VO2 máx, estudos realizados no Peru, foram observados pessoas residentes nas altitudes desde a nascença, que foram morar para a altitude quando eram crianças e pessoas que foram para lá morar em adultas durante 1 a 4 anos. Verificou-se que as pessoas residentes nessa zona desde a nascença ou que se mudaram para lá em crianças apresentavam adaptações completas com VO2 máx, enquanto as pessoas que se mudaram para esta zona em adultas e viveram durante 1 a 4 anos apresentavam VO2 máx inferiores aos das outras pessoas, o que demonstra que para uma adaptação completa é necessário as pessoas viverem em altitudes elevadas durante o crescimento. Portanto uma adaptação à altitude de um atleta que vá treinar para elevada altitude nunca pode ser completa, pois esta exige que a pessoa permaneça durante muitos anos em altitudes elevadas e durante a sua idade juvenil. Existe também as adaptações musculares, que resulta de uma diminuição da massa muscular total e do peso do individuo, contudo existe um aumento da densidade capilar, para permitir um maior aporte sanguíneoaos músculos e consequente aumento de transporte de O2, a actividade das enzimas também se encontra reduzida, o que provoca uma diminuição da massa muscular e capacidade de gerar ATP. Outras adaptações existentes são as adaptações cardiovasculares, que se traduzem num aumento da ventilação pulmonar, uma diminuição inicial do VO2 máx, que depois se converte num ligeiro aumento após alguns dias de adaptação ao meio.
A adaptação ao ambiente hipobárico deve ser antecedida de um estágio de pelo menos 2 semanas, se não houver estágio os atletas devem de ir 24 horas antes da prova, isto porque se a adaptação não correctamente realizada podem surgir problemas prejudiciais à saude do atleta, a primeira doença a aparecer é a Doença da Montanha, esta doença poe surgir após as 6 horas a 96 horas após a chegada à montanha, pode ser causada por excesso de CO2 nos tecidos, possui sintomas como dor de cabeça, náuseas, dificuldades em respirar, insónias e vómitos. Esta doença pode evoluir para edema pulmonar, o edema é caracterizado por acumulação de fluidos nos pulmões, normalmente esta acumulação de fluidos devem-se à hipertensão pulmonar, que com grande quantidade de aporte sanguíneo aos pulmões durante uma elevada quantidade de tempo começam-se a acumular fluidos nos pulmões, a respiração curta, lábios e dedos azulados, fadiga excessiva, confusão mental e perdas de consciência são os sintomas desta doença, que pode ser tratada através da administração suplementar de O2 e baixar a altitude.
Mas se este tratamento não se verificar, esta doença pode evoluir para edema cerebral, esta doença é caracterizada pela acumulação de fluidos na caixa craniana, os sintomas de confusão mental e como estão associados a esta doença quepode causar a morte, o tratamento a administrar é o mesmo que num edema pulmunar. São estes factores apresentados que tornam tão importantes uma boa adaptação ao meio hipobárico, para além de poder melhorar a prestação do atleta, evita que este corra riscos de saúde, é fundamental que a adaptação seja gradual, isto é que seja feita por patamares de altura, caso um atleta não se adapte bem a uma certa altitude deve-se voltar ao nivel anterior, porém existem atletas que não conseguem adaptar-se a certas alturas. Quando se realiza um treino para uma competição em altitude deve-se ter em conta que quanto maior é a altura, maior é a diminuição do VO2 max dos atletas, isto pode provocar uma diminuição da intensidade do treino, que por sua vez pode provocar um “destreinamento” do atleta. Contudo este efeito depende da altitude a que se dá o treino, numa altitude moderada apesar da diminuição do VO2 máx é possivel manter o ritmo de treino, por isso após uma permanência de 20 a 28 dias pode-se verificar ganhos no VO2 máx do atleta, o que já não acontece numa altitude elevada em que o decréscimo de VO2 máx é muito elevado e vai prejudicar imenso a intensidade do treino, este fector pode ter efeitos negativos no treino e no VO2 máx quando retornarem ao nivel do mar.
É importante referir que este tipo de ambiente é adverso para provas de longa duração em que o rendimento dos atletas depende claramente do seu VO2 máx, mas este ambiente por sua vezpode ser benéfico para os atletas que praticam provas de curta duração, em que o exercicio é predominantemente anaeróbio, ou seja a provas que não dependem do VO2 máx, nem do transporte do O2 aos músculos, para além disso a diminuição da densidade do ar facilita os seus movimentos, porque oferece menos resistência aos movimentos em altas velocidades.
EXERCICIO EM AMBIENTE HIPOBÁRICO